Resultados de eficácia
A eficácia de ciprofibrato foi confirmada por Cattin L. et al. em seu estudo multicêntrico aberto envolvendo 127 pacientes portadores de com hiperlipidemia primária resistente, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e hiperlipidemia mista. O uso de ciprofibrato por esses pacientes, por 12 semanas, apresentou redução em todos os níveis hiperglicêmicos, inclusive apresentando aumento nos níveis de HDL, apresentando boa tolerância pelos pacientes. Farnier M. et al. comprovou a eficácia e segurança de ciprofibrato em sua publicação, um estudo aberto multicêntrico envolvendo 170 pacientes com hipertrigliceridemia e hipercolesterolemia por 8 semanas. O resultado foi a diminuição dos parâmetros aumentados e com boa tolerabilidade.
Oro L. et al. também comprovou a eficácia do ciprofibrato em seu estudo com 102 pacientes acompanhados por 12 anos em média, todos portadores de colesterol total e triglicérides aumentados. Silva J.M. et al. comprovou também a eficácia do ciprofibrato em um estudo aberto envolvendo 40 pacientes portadores de hiperlipidemia primária resistente, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e hiperlipidemia mista com administração de ciprofibrato por 6 meses, comprovando sua elevada eficácia hipolipemiante. Bruckert E. et al. também confirmou a eficácia do ciprofibrato na diminuição de triglicérides e colesterol sérico, sendo utilizado por 30 dias.
Características farmacológicas
Farmacodinâmica
O ciprofibrato ou ácido 2-(4-(2,2-diclorociclopropil)fenoxi)-2-metil-propanoico é um modulador lipídico de amplo espectro. É um complemento eficaz da dieta no controle de concentrações elevadas do colesterol LDL e VLDL e dos triglicerídeos. O ciprofibrato aumenta o nível do colesterol HDL.
O ciprofibrato é um derivado do ácido fíbrico com propriedades de redução de lípides. Investigações moleculares revelaram que os fibratos ativam um grupo de receptores nucleares conhecidos como PPARα (peroxisome proliferator activated receptors). Esta ativação resulta em aumento da síntese de HDL-c, acelera o clearance do LDL-c, acelera o catabolismo do triglicerídeo rico em lipoproteína e VLDL e diminui a produção de triglicerídeos. Estas alterações esclarecem porque os fibratos exercem impacto muito maior na diminuição do nível de triglicerídeos e aumento dos valores do HDL-c com nenhuma modificação ou discreto aumento da concentração do LDL-c quando comparado com as estatinas. Estas modificações poderiam provavelmente justificar alguns dos efeitos antiaterogênicos dos fibratos.
Os fibratos modulam a expressão genética, inibindo a transcrição de apo CIII que tem ação inibidora sobre a lipase lipoproteica, favorecendo com esta inibição a diminuição dos triglicerídeos. A indução da β-oxidação com uma concomitante diminuição da síntese de ácidos graxos pelos fibratos resulta em menor disponibilidade de ácidos graxos para a síntese de triglicerídeos, um processo que é amplificado pela inibição do hormônio sensitivo a lípase no tecido adiposo pelo fibrato.
O tratamento com fibratos resulta na formação de LDL com alta afinidade para o LDL receptor, que são então, catabolizados rapidamente.
A redução de lipídios neutros (éster de colesterol e triglicérides) trocados entre o VLDL e o HDL pode resultar na diminuição dos níveis de triglicerídeos.
Os fibratos aumentam a produção de apo AI e apo AII no fígado o que pode contribuir para o aumento da concentração de HDL plasmático.
Há evidência de que o tratamento com fibratos pode reduzir os eventos de doença cardíaca coronariana, mas não mostrou reduzir todas as causas de mortalidade na prevenção primária e secundária da doença cardiovascular
Farmacocinética
A absorção do ciprofibrato na espécie humana é rápida e quase completa. A concentração plasmática máxima é alcançada em cerca de 1 hora em pacientes em jejum, ou com retardo de 2 a 3 horas em pacientes alimentados. A meia vida terminal, determinada em voluntários por estudo com isótopo C14, foi de 88,6 ± 11,5 horas. A meia-vida de eliminação em pacientes com insuficiência renal moderada foi levemente aumentada comparada com indivíduos saudáveis (116,7 horas comparado com 81,1 horas). Em pacientes com insuficiência renal severa, foi notado um aumento significativo (171,9 horas).